quinta-feira, 10 de julho de 2008

Profissionais que trabalhem por um mundo melhor

Anabelle Carrilho* realiza abaixo um ensaio no qual reforça argumentos de que independentemente do valor agregado que o profissional traz a organização ele deve ser visto como um indivíduo único e dotado de defeitos e qualidades. Discorre sobre essas dotações trazendo reflexões sobre a interferência no tratamento humano e igualitário que ocorrem nessas relações.

“CADA PROFISSIONAL È CAPAZ DE GERAR VALOR (para as organizações) REALIZANDO AQUILO QUE ACREDITA SER RELEVANTE"






O Serviço Social é uma área do conhecimento que poucos conhecem de verdade, inclusive os próprios profissionais. Isso se dá pela profissão ser relativamente nova, e ainda teoricamente em crescimento. Na verdade, isso acontece na área social em geral, para a qual vêm surgindo muitas oportunidades nas organizações de âmbito público ou privado. A grande oferta de vagas em si é um fato bom, mas o profissional dessas áreas enfrenta alguns desafios, como, a imprecisão teórica e prática de muitos conceitos amplamente utilizados hoje em dia, como responsabilidade sócio-ambiental, sustentabilidade, e vários outros.

Este comentário está baseado na minha parca experiência, mas já em algum tempo de trabalho deu para perceber que poucas pessoas têm domínio e sabem o que realmente significam essas ferramentas e como utilizá-las. E não atribuo a responsabilidade desse “despreparo” apenas ao profissional, nem à sua falta de vontade ou de pró-atividade. A novidade que significa o aparecimento desses termos no mundo empresarial pegou a todos de surpresa, e esse pode ser um mecanismo cruel de exclusão de bons profissionais do tão concorrido mundo do trabalho.

Todo e cada profissional, como ser humano que é, é sim potencialmente capaz de gerar valor realizando aquilo que acredita ser relevante. No entanto (e essa é uma opinião pessoal) essa não pode ser a única ou a mais importante “filosofia” a reger as relações de trabalho, pois aqueles incapazes de assim fazer, seja por falta de oportunidades ou de “talento”, podem e estão sendo colocados à margem desse sistema tão competitivo. É claro que as pessoas podem e devem se formar, reciclar, ter interesse pelo assunto de seu trabalho, etc. mas não podem perder de vista a razão pela qual estão fazendo isso. Quando uma organização exige que o profissional faça “algo a mais” por ela ou que “vista a camisa” da empresa, o que isso realmente quer dizer? Muitas vezes abre brechas para a estafa de seus empregados, a eterna competição entre colegas de trabalho, sem contar a supressão de direitos trabalhistas como horas extras, por exemplo.




Claro que empregados mais esforçados ou que rendam mais são dignos de destaque, já que vivemos em uma sociedade meritocrática por natureza, mas não devemos reproduzir sempre esses mecanismos, mesmo por ser contraditório, já que somos (todos, mas principalmente no âmbito social) profissionais que trabalham por um mundo melhor.

*Anabelle Carrilho é Profissional do Serviço Social graduada pela universidade de Brasília. Fez seu trabalho de conclusão de curso sobre "O Benefício de Prestação Continuada e a Doença de Huntington: entre o cuidado e os mínimos sociais". Entre outros locais trabalhou na Secretaria Nacional Anti-Drogas, foi primeira colocada no concurso do Ministério de Desenvolvimento Social e combate a fome no ano de 2006 e atualmente está lotada nas Centrais Elétricas do Norte S/A - Eletronorte em Palmas-TO.

Um comentário:

Julio Cardia disse...

Acredito que enquanto as organizações não olharem os indivíduos como seres únicos dotados de anseios desejos e vontades assim como qualidades e defeitos únicos sempre irá sobrar margem para ações ineficientes e relações de descrédito com seus públicos, mas Anabelle as instituições apenas não reproduzem um modelo natural próprio nosso? Algo meio que instintivo que permeia a relação entre os seres humanos?